Muitas vezes passamos por períodos de crise. Pode ser uma crise financeira, um período de desemprego, uma crise familiar, conjugal ou mesmo vocacional. E muitas vezes somos chamados por Deus para realizar uma tarefa difícil num tempo de crise. Talvez seja assumir um ministério na igreja, criar um filho especial, ou mesmo ser agente de reconciliação em meio a um grande conflito. Isso pode ser bastante esgotador. Afinal, como é possível permanecer fiel e obediente mesmo em tempos em que parece que tudo pode ruir? O que é preciso para suportar as tarefas mais difíceis, nas piores condições possíveis?
O profeta Isaías vivia um tempo de crise quando foi chamado por Deus ao ministério. O ano da morte do rei Uzias (Is 6.1 ) foi o fim de um período de estabilidade econômica, militar e política em Judá (2Cr 26). Agora Judá vivia uma de suas maiores crises internas, e sob a ameaça de uma grande potência: a Assíria. E foi nesse período que Deus deu a Isaías uma missão muito específica, e difícil! O texto da visão de Isaías (Isaías 6) nos traz alguns princípios sobre como podemos servir fielmente a Deus mesmo em tempos de crise. Vejamos:
- Considere quem Deus é (v. 1-7). Isaías viu o Senhor sentado no trono, e essa visão o impressionou e o sustentou ao longo de seu ministério. O que nós podemos considerar a respeito de Deus a partir da visão de Isaías?
- Considere a soberania de Deus e coloque nele a sua esperança (v. 1-2). Quando Isaías viu Deus no trono, ele teve a perspectiva de que Deus está guiando a História. Até mesmo a crise nacional servia a seu propósito. Não importa a crise política, econômica ou moral que possa estar assolando o país. Não importa as ameaças que se levantam contra o povo de Deus. Deus continua no seu trono, ordenando todas as coisas segundo o seu propósito. Talvez você não saiba se terá emprego ou sustento amanhã. Talvez não saiba se conseguirá entrar na faculdade ou se terá emprego. Saiba que, em meio a tudo isso, Deus continua no controle. Você não tem o controle. Deus o tem.
- Considere a santidade de Deus e o estado de seu relacionamento com ele (v. 3-5). Quando Isaías viu a santidade de Deus, ele logo percebeu sua impureza e ali mesmo se arrependeu. Veja, a pior crise que Judá vivia era a crise espiritual. O povo vivia distante de Deus e não admitia o seu pecado (Is 1.1 ). Uma coisa precisa ficar bem clara para nós: não é o desemprego que pode nos levar à ruína, tampouco a situação política e econômica do país, ou mesmo uma crise familiar. O que pode nos arruinar é não ter o temor do Senhor, não reconhecer os pecados e não nos arrepender deles. Se o nosso relacionamento com Deus vai bem, podemos lidar com todo o resto.
- Considere a graça de Deus e olhe para Cristo (v. 4-7). Isaías foi tocado com a brasa que vem do altar, do fogo dos holocaustos, e então foi perdoado. Da mesma forma, nós fomos perdoados por Cristo e recebemos mais graça do que merecemos. A transformação de Isaías o capacitou a responder o chamado com fidelidade (v. 8). Da mesma forma, agora transformados, podemos realizar as tarefas que Deus nos dá, sabendo que ele nos capacita a isso.
- Atenda ao chamado (v. 8-13). Deus chamou Isaías para uma tarefa muito difícil: pregar juízo a um povo cego, surdo e de coração duro, no meio de uma grande crise. E Deus lhe garantiu que o resultado do seu trabalho seria, em termos gerais, desastroso. Você também pode ter sido chamado a uma tarefa difícil. Mas nós temos vários motivos para aceitá-la, sem medo ou hesitação. Quais são esses motivos?
- Deus não nos chama a realizar tarefas para a qual ele não capacita (v. 8). Ele capacitou Isaías, e então o chamou. Da mesma forma, ele nos dá poder e graça para realização de nossas tarefas difíceis.
- Deus dá as ferramentas necessárias para realização da tarefa (v. 9-10). Ele deu a Isaías a mensagem e o propósito de sua proclamação. Ele também nos dá ferramentas para cada tarefa difícil que temos de realizar.
- Deus está no controle (v. 11-13). Ele garantiu a Isaías o resultado de seu trabalho. Isaías teve a certeza de que Deus está guiando a História, e que mesmo as tribulações têm um fim justo e bom. Da mesma forma Ele controla o resultado daquilo que fazemos. Podemos servir com tranquilidade!
- O final é bom (v. 13). Deus deu spoilers a Isaías. Ele garantiu que, mesmo após toda aquela destruição, o final ainda seria bom. A santa semente seria preservada. O Redentor ainda viria. Da mesma forma, sabemos que o fim para onde caminhamos é glorioso. Não precisamos ter medo de tribulação alguma!
Que realizemos com temor e confiança as tarefas difíceis que Deus nos der, mesmo em tempos de crise!