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A importância da religião familiar

— Escute, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
Portanto, ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força.
Estas palavras que hoje lhe ordeno estarão no seu coração.
Você as inculcará a seus filhos, e delas falará quando estiver sentado em sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se e ao levantar-se.
Também deve amarrá-las como sinal na sua mão, e elas lhe serão por frontal entre os olhos.
E você as escreverá nos umbrais de sua casa e nas suas portas.

Deuteronômio 5.4-9, Deuteronômio 5.4-9, NAA

Essas palavras, segundo Ligon Duncan e Terry Johnson, nos lembram duas coisas. A primeira é que, embora a salvação seja de Deus e o Espírito sopra onde quer, a família tem um papel de instrução na aliança e os pais têm uma responsabilidade pactual para com os seus filhos. Deus tem prazer em usar o lar como um meio para alcançar o coração de pessoas. Em segundo lugar, é no ritmo natural da vida comum em que o lar funciona como um local de instrução. Se nos relacionamentos familiares a graça prevalece, se a Bíblia é sempre lida e se Cristo está no centro, então haverá muitas oportunidades para edificação mútua. É principalmente por meio do exemplo que nós podemos edificar uns aos outros.[1]

Nesses tempos em que somos privados do culto público, é ainda mais importante que haja a adoração familiar. As famílias cristãs devem adorar, orar e ler a Bíblia juntos em casa. Se você é pai, mãe, marido ou esposa, você deve lembrar de algumas das seguintes verdades da Escritura. Em primeiro lugar, a família é uma bênção de Deus (Sl 127; 128), e nós somos mordomos das coisas que Deus nos deu; o que significa que prestaremos conta do cuidado para com a alma de nossos familiares. Em segundo lugar, Deus ordenou aos pais ensinarem seus filhos em casa (Dt 6.7Dt 6.7), e os maridos devem amar a sua esposa e promover a santificação dela (Ef 5.22-33Ef 5.22-33). É um mandamento de Deus e, como tal, deve ser cumprido. Em terceiro lugar, o lar é o lugar de onde nasce a piedade da igreja (1Tm 3.4-51Tm 3.4-5). Um requisito para a ordenação de presbíteros e diáconos é que tenham um lar saudável. Isso porque eles devem ser exemplos para toda a comunidade. A força e a espiritualidade da igreja estão diretamente relacionadas à fortaleza de seus lares.[2]

Sr. C. Jeffrey Robinson nos lembra que a importância da religião no lar sempre foi assim entendida pela igreja ao longo da História. Martinho Lutero dizia que cada lar é como um “reino terrestre”, onde os pais treinam os seus filhos nos mandamentos de Deus. Para Richard Baxter, cada família deve ser uma “casa de fé”, e cada pai um “sacerdote em sua própria família”. Jonathan Edwards chamava o lar cristão de “pequena igreja”, e dizia que “o chefe de família tem mais vantagem em sua pequena comunidade para promover a religião que os ministros têm na congregação”.[3]

Isso não significa que somente os casados devem ser ocupar disso. Para os solteiros, não menos importante é a sua devoção pessoal e a sua preparação, tanto para o cuidado de sua própria alma quanto para estar pronto para dar apoio a outros. Se você é solteiro, adore ao Senhor em casa, e não deixe de ter constante contato com seus irmãos na fé. E é igualmente importante que as famílias pratiquem a hospitalidade para com seus irmãos solteiros.

Irmãos, este tempo de quarentena é uma oportunidade para reavaliarmos a importância da vida cristã familiar. Não é hora para tirar “férias de Deus”. Lembre-se, no entanto, que o poder para vivermos de modo completo a vida familiar vem da cruz, visto que é a graça de Deus que nos capacita a viver piedosamente em nossos lares neste presente século (Tt 2.11-15Tt 2.11-15). Que Deus fortaleça os crentes em suas casas, por meio de suas famílias!


[1] Ligon Duncan e Terry Johnson. A Call to Family Worship. Journal for Biblical Manhood and Womanhood 9 (2004).

[2] Ibid.

[3] Sr. C. Jeffrey Robinson. The Home is an Earthly Kingdom. Family Discipleship Among Reformers and Puritans. Journal of Discipleship and Family Ministry: Theological Perspectives on Marriage and Children 3, no 1 (2012).